Maricá/RJ,

O cineclube e a educação emancipatória


Miriam Silvestre Limeira* 

De que maneira é possível integrar uma formação que estimule o protagonismo e a autonomia? Quais instrumentos para melhor articular esse estímulo na aprendizagem? 
Nesse sentido, como pensar o cinema no espaço da escola de maneira a se fomentar essa articulação? 
Questões como essas nortearam inicialmente a pesquisa à medida que se formularam reflexões também entrelaçadas à forma como o gestor se articula com a comunidade para ter assegurado ao estudante o direito pela educação. 
Ao mesmo tempo em que estas considerações se deram, foram estruturadas questões direcionadas às possibilidades de caminhos que viabilizassem este direito assegurado com qualidade. Dessa forma, delineou-se o trabalho com o uso do cinema na escola. 
A pesquisa não levou somente a um exercício acerca de como o cinema pode ser instrumento para uma aprendizagem mais crítica, mas sim a reflexões acerca do entendimento de que a educação de qualidade constitui um direito, e priorizar o desenvolvimento do protagonismo e da autonomia do estudante em sua formação. 
Partindo-se dessa reflexão, buscou-se um caminho que considerasse o que é estabelecido na lei a respeito desse pressuposto. O artigo nº 2 da LDB menciona que, dentre as finalidades da educação, está “o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício 
da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Nesse sentido, um dos caminhos para o que foi descrito na Lei consiste no trabalho com o protagonismo e a autonomia do educando de maneira a se atingir a contento esse desenvolvimento na escola. 
Como construir atividades que estimulem o desenvolvimento da autonomia dos estudantes de maneira a colaborar efetivamente para uma formação voltada para o exercício da cidadania? 
Nesse exercício de pesquisa e prática, ao pensar em caminhos para a reflexão sobre a autonomia entre os estudantes, o cinema pode ser um instrumento eficaz para suscitar esse debate. 
O cineclube se caracteriza por um espaço no qual se discute e assiste a filmes, sem caráter lucrativo. 
É preciso que, em nossa prática, enquanto professores, estimulemos a criatividade dos educandos. Boff (2012) destacou, sem utilizar-se do termo protagonismo, que a existência consiste em construção progressiva. Nesse sentido, ele se alinha ao pensamento de Freire (2009) quando este reforça o sentido da pedagogia voltada para a autonomia, para a emancipação. 
Pensar acerca de uma pedagogia emancipadora nos encaminha a uma reflexão embasada por outro sentido de qualidade na educação. 
Conforme consta nas orientações do Conselho Nacional de Cineclubes, “os cineclubes nasceram como resposta às necessidades que as salas comerciais não atendiam, ou seja, a fruição do filme e a democratização do acesso”. Em se tratando de localidade que apresenta poucas possibilidades de acesso à cultura, esse tipo de atividade proporciona a utilização do espaço da escola de outra forma, de maneira democrática. Tais atividades vêm sendo articuladas no âmbito estatal por meio de incentivos à formação de espaços cineclubistas (como por exemplo, o programa Cine Mais Cultura, do Ministério da Cultura). 

*Miriam Silvestre Limeira 

Mestre em História pela Universidade de Brasília (2004), Especialista em Gestão Escolar pela Escola de Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação (CEFORM – UnB – 2014). Professora de História da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), atualmente vice-diretora do CEF do Bosque (escola de Anos Finais em São Sebastião). 

Fonte: Fragmentos extraídos de: “O Cineclube e a educação emancipatória”, de Miriam Silvestre Limeira, in Universitas Humanas, Brasília, v.12, n.1-2,p.91-97, jan./dez.2015

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