Maricá/RJ,

O CINECLUBISMO E OS JOVENS

Como proposta de ação coletiva, democrática, de consumo e produção de significados, o cineclube poderia caracterizar-se como espaço privilegiado para o surgimento de movimentos protagonizados por sujeitos históricos, capazes de, a partir de “sementes preservadas historicamente”, inspirar transformações no sentido de formar indivíduos/coletivos conscientes e ativos nos processos políticos, sociais e culturais que vivem, um lugar gerador de “experiências instituintes”. 
Os grupos reunidos em torno de atividades culturais têm se destacado como uma das principais formas de socialização e de expressão dos jovens, sendo estimulados no contexto atual por escolas e organizações não governamentais, muitas vezes com participação direta ou indireta do governo. 

“Organizados com base na mobilização de seus associados em função de um objetivo não financeiro, os cineclubes se voltam para fins culturais, éticos, políticos, estéticos, religiosos. Quase sempre realizam, de alguma forma, mesmo parcialmente, seus objetivos. Ou seja, os cineclubes produzem fatos novos, interferem em suas comunidades, contribuem para mudar consciências e formar opiniões, mobilizam. Não raro, são as sementes que chegam à floração de cineastas e outros artistas; crescem como instituições, transformando-se em museus, cinematecas, centros de produção; criam o caldo de cultura para mudanças culturais, comportamentais, para a geração de movimentos sociais. Os cineclubes produzem e modificam a cultura.” (Rose Clair Matela) 

Nos cineclubes, cineclubistas praticam experiências que, dependendo da maneira com que estes sujeitos históricos as introjetam e do sentido que atribuem individual e coletivamente para elas, os ajudam a construir seus projetos de vida e a instituir relações conscientes com suas comunidades concretas e imaginárias, locais e globais. Ou seja, podem contribuir para relações mais conscientes com o mundo. E a consciência pode motivar a vontade de intervenções “significativas/éticas no processo político, social e cultural que estão vivendo” (Matela, 2008). 

Entre as tantas possibilidades de práticas e relações disparadas pela organização cineclubista vistas aqui, três características estão sempre presentes combinadas definindo o que é um cineclube: 
a) não ter fins lucrativos; 
b) ser uma tentativa de gestão democrática; 
c) reunir pessoas em torno do audiovisual. 

Em seu estudo sobre cineclubistas, Matela procura “evidenciar o papel desempenhado pelo cinema na formação destes sujeitos, indicando a potência da experiência estética para seu processo de socialização” (2008, p.97). 

Fonte: Fragmentos extraídos de: “Sonhadores – Relações entre cineclubismo e juventude”, de Beatriz Moreira de Azevedo Porto Gonçalves (Programa de Pós-Graduação da PUC-Rio) Rio/RJ

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