Maricá/RJ,

Um Festival diverso: 4ª MIMB – Mostra Itinerante de Cinemas Negros

 

* Por Nazareno Dantas

Neste período pandêmico muitas atividades tiveram que adaptar a este novo tempo. Na área cultural
não foi diferente, e com o cinema menos ainda. Filmes tiveram que ser postados em plataformas de streaming ou estrearam quase que simultaneamente nos cinemas (os que estão abertos) ou em canais que compraram os direitos de exibição. Porém esse é o cinema comercial, que independentemente de onde ele esteja, ele será visto por uma gama (as vezes gigantesca) de pessoas, ao passo que o cinema mais independente; realizado com baixo orçamento ou simplesmente como forma de registro histórico-social, de uma ideia ou de um conceito não tem essas mesmas ferramentas de exibição. Por isso a internet, para esse tipo de produção é crucial, pois ela possibilita que essas obras sejam vistas e analisadas. E muitos festivais da sétima arte são expostos com os mais variados temas, e um deles foi a 4ª MIMB – Mostra Itinerante de Cinemas Negros realizada entre os dias 31/03/2021 a 09/04/2021, que nos seus mais de 90 filmes expostos procura mostrar diversas comunidades negras ao redor do mundo, expondo suas culturas; suas histórias; seus traumas; suas dificuldades; suas lutas e reflexões.

Entre as obras expostas podemos citar: Arando as estrelas, produzido em Guadalupe; no Caribe. Através de suas palavras, imagens, som e edição, nos leva a uma reflexão quase que imersiva sobre a vida e a importância dos negros naquela sociedade. Acervo Zumvi: O Levante da memória, um documentário que fala sobre a importância do fotógrafo baiano Lázaro Roberto, que nos seus mais de trinta anos de trabalho dedicados a registrar a cultura, o cotidiano e a luta das comunidades afrodescendentes da Bahia, e que depois desse tempo conseguiu transformar todo seu acervo fotográfico em um centro histórico e cultural. Fishing Her: Mujeres de sal, um documentário colombiano sobre as mulheres pescadoras do Arquipélago de San Andrés, Providência e Santa Catalina. A película Cinco fitas acompanha a jornada de dois garotos de Salvador (BA) que se vão para a festa do Senhor do Bonfim oferendar 05 fitas e assim realizar o seu desejo de ganhar uma bola de futebol, mas ao descobrirem mais a fundo a história dos orixás e das entidades perceberam que na vida existem coisas mais importantes.

Mesmo essa mostra buscando priorizar obras sobre as sociedades afro ao redor do mundo, ela não ficou restrita apenas a esse tema. Seus curtas e documentários abordaram sobre meio ambiente, como na obra ficcional (mas nem tanto) Sufocar, que faz uma paralelo bem interessante sobre esse momento de pandemia com a questão ambiental. Já o curta Açaí, procura retratar com humor a importância do açaí para cultura do Amapá (e da Amazônia). A Barca retrata duas mulheres que ao cruzarem um rio em um barco iniciam um diálogo na qual uma delas, através de um desabafo, expõe um pouco sobre sua vida e a outra a escuta e de alguma forma reflete sobre aquilo. O que chama atenção nesse projeto é a boa direção e a eficiência das duas atrizes, que conseguiram passar todas as emoções; ora através das falas, ora através dos gestos.

Ter a oportunidade de apreciar esses projetos nos faz refletir o quão diverso é o mundo e o quanto estamos conectados; não pela tecnologia, mas pelos nossos cotidianos e pelas nossas lutas internas ou externas.


* Nazareno Dantas - Formado em Marketing pela UniAteneu. Cursando Teatro na OST (Niterói). Apaixonado por Cinema e História.


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